07 de março de 2017 - por Gabriel Dias e Daniel Dias
Dias ao Volante testou a nova geração do superesportivo norte-americano, a SS Fifty conversível, equipada com o motor mais potente de sua história, no circuito gaúcho do Velopark.
O Camaro, superesportivo de maior sucesso no Brasil, com mais de 5 mil exemplares vendidos desde que o carro da Chevrolet desembarcou no país com o estilo Muscle Car, em 2010, chega a sua sexta geração em configuração quase 100% nova. O ícone da fabricante norte-americana na nova versão é um veículo melhor em tudo na comparação com o que víamos por aqui, num modelo desde sempre muito bom na sua proposta de ser superlativo em tudo. E a Chevrolet conseguiu se superar. E como!
Dias ao Volante andou com o Camaro SS conversível Fifty, em homenagem aos 50 anos de estrada do superesportivo, equipado com o motor mais potente da história do modelo, o V8 6.2 com injeção direta de 461 cavalos, o mesmo do Corvette Stingray, associado à transmissão de 8 velocidades com sistema Active Select, que permite trocas automáticas ou manuais por meio de aletas colocadas atrás do volante, a la Fórmula-1.
Tão logo saímos da concessionária em que o Camaro estava sendo entregue aos profissionais da imprensa, a primeira constatação nas ruas com piso sempre irregulares de Porto Alegre: a fera sobre rodas tem uma suspensão mais suave em relação à de seu antecessor. Ou seja, o novo Camaro não tem mais aquela suspensão tão dura e justa, típica dos superesportivos, incluindo aí as inatingíveis Ferrari da Casa de Maranello. De qualquer jeito, esse detalhe não afetaria a impressionante capacidade do Camaro em aderir e agarrar o asfalto de um autódromo de verdade, o Velopark, em Nova Santa Rita, nosso destino neste teste, como veremos a seguir.
No caminho rumo ao circuito da região metropolitana da capital gaúcha, pudemos conferir o que o Camaro desperta nas pessoas por onde passa. É simplesmente impossível o maravilhoso esportivo não interromper a rotina de quem o observa, com a inevitável reverência para o modelo da Chevrolet, por um mero sorriso nos olhos ou um comentário entusiasmado.
Na chegada ao Velopark, fomos recebidos, mesmo o autódromo estando em plenas férias coletivas de seus funcionários, por Sofia Costa, administradora do principal e mais moderno circuito do Rio Grande do Sul. De imediato, Sofia colocou à nossa disposição o gerente-técnico do autódromo, o piloto Rodrigo Kubitschek, que abriu a pista de 2,2 quilômetros de extensão para os testes de desempenho do Camaro.
Em um esportivo de alta performance, a segurança do motorista e dos ocupantes tem de ser fundamental. E o novo Camaro é generoso no quesito. O carro tem uma série de tecnologias, como sistema de vetorização de torque, controle de tração e de estabilidade e um seletor com quatro modos de condução - Normal, Esportivo, Neve e Pista. Esses dispositivos configuram vários parâmetros do carro, alterando a sensibilidade do acelerador e do volante, mapeamento da transmissão, baixa o Voitão para quatro cilindros, buscando economia de combustível na velocidade de cruzeiro em estradas, e, inclusive, alterna a cor do ambiente da cabine, conforme o gosto dos ocupantes.
Ainda na segurança, a versão SS - cupê e conversível - conta com um novo aerofólio, agora, suspenso e fixado por três suportes. A peça aerodinâmica confere 50% a mais de downforce na parte traseira do carro. Isso ficou evidente nas tomadas de curva no circuito feitas com mais velocidade e no modo esportivo, sem a ajuda dos controles eletrônicos de estabilidade e tração, com o veículo mais na mão do piloto. O aerofólio ajuda decisivamente nessas situações mais radicais.
Ao ser testado na pista do belíssimo autódromo, o Camaro demonstrou sua capacidade de contorno das curvas, frenagens e reacelerações. Nas mãos certas, apesar dos seus 461 cavalos bem nervosos, o carro passa total segurança para pilotar. Mas essa nova geração deixa a condução segura e precisa até mesmo para um motorista menos experiente em domar uma fera deste quilate. No entanto, um conselho é sábio: sempre respeitar essa supermáquina, porque toda a tecnologia não fica imune à irresponsabilidade.
Apesar de o carro ter 1.798 quilos, a cavalaria permite uma aceleração de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos e uma velocidade máxima de 290 km/h – de acordo com a montadora. Na reta principal do Velopark, conseguimos atingir a marca de 250 km/h, sempre crescendo. Só não foi maior porque a reta não é longa o suficiente para isto. O que podemos dizer desta velocidade? O carro manteve sempre muita aderência, com total contato dos pneus com o asfalto, e com respostas precisas.
Sobre o consumo, não podemos fazer uma avaliação mais precisa, pois como ficamos apenas três horas com o Camaro, o tempo voou como o próprio esportivo da Chevrolet, e as marcas não foram medidas conforme o padrão usual do Dias ao Volante. O registro que aferimos foi de 5,3 km/l na cidade e 8,5 km/h na estrada, bastante razoável para um superesportivo.
O novo interior do Camaro está mais atraente, interessante e moderno, acompanhando o que a gama da Chevrolet tem de mais sofisticado e moderno atualmente. Uma tela de oito polegadas posicionada na parte central do painel e sensível ao toque exibe as funções da mais avançada geração do multimídia MyLink, com Android Auto e Apple CarPlay, comando de voz e sistema de navegação com mapas em 3D.
O console central está mais funcional e ergonômico. Os comandos do sistema de ar-condicionado (dual zone) foram incorporados às molduras das saídas de ventilação. O freio de mão passa a ter acionamento elétrico, aumentando a sensação de espaço na cabine. O novo Camaro permite ainda a customização da iluminação dos LEDs internos que contornam o multimídia, os painéis de porta e o porta-copos centrais.
A cor ambiente também muda quando o motorista troca os modos de condução. Na posição Passeio, indicado para uma direção mais tranquila, a iluminação fica azul clara. No modo Pista, com comportamento completamente arisco, a iluminação fica vermelha.
Os bancos dianteiros estão mais anatômicos e confortáveis. Receberam sistema de ventilação interno e ajuste elétrico com três opções de memória – válidas também para os retrovisores externos, enquanto o volante redesenhado traz base reta, aquecimento e o emblema Fifty em todas as configurações.
A linha 2017 do superesportivo adiciona a sua ampla lista de itens de série partida remota pela chave ou por botão no painel, sistema de destravamento das portas por aproximação (keyless), carregador de celular wireless, sistema de som Bose, oito airbags, alertas de movimentação traseira, de ponto cego com sensor de aproximação repentina e de pressão e temperatura dos pneus.
O acabamento interno é premium, com maior atenção às partes em que os ocupantes têm mais contato, como os apoios de braço, bancos, console central e inserto do painel. Há superfícies soft touch e costuras pespontadas em cor de destaque, contrastando com o revestimento predominantemente escuro do habitáculo.
Nota-se também maior utilização de materiais nobres em elementos decorativos. A alavanca do câmbio conta com aplique em alumínio fosco e a assinatura Camaro no topo e na base.
Um aparte para o volante, agora, exclusivo: na geração anterior, a direção era a mesma de outros modelos da marca. O painel principal foi totalmente redesenhado e com ótimo gosto. Os instrumentos da parte central do painel têm novas saídas de ar redondas, nas quais os ocupantes controlam a temperatura girando para um lado e para o outro. A grande alavanca do freio de mão deu lugar para um botão. As informações de carga da bateria, temperatura do motor e pressão do óleo passaram para o painel de instrumentos. O acabamento dos bancos e forrações em geral é belíssimo.
O espaço interno é homologado para quatro ocupantes, porém, não é muito fácil a vida dos passageiros dos assentos traseiros, coisa comum em um superesportivo.
A operação de abertura e fechamento da capota do conversível é extremamente simples e segura, podendo ser executada por meio de um botão junto ao retrovisor interno com o carro parado ou até 50 km/h. A capota é totalmente recolhida para dentro do porta-malas, automaticamente.
Por fim, Dias ao Volante renova os agradecimentos à Sofia e ao Rodrigo pela recepção, orientações e dicas, além de permitir a magnífica experiência de colocar esse Voitão na pista para coletar todas as informações necessárias e poder desfrutar tudo do carro, e que não poderia ser feito fora de um autódromo de verdade.
FICHA TÉCNICA
Motor: dianteiro, logitudinal, V8, 6.2 16V (duas válvulas por cilindro)
Potência: 461 cavalos (gasolina)
Torque: 62,9 kgfm
Transmissão: automática com modo manual de 8 velocidades, tração traseira
Direção: elétrica
Suspensão: dianteira e traseira: tipo McPherson, multibraço e com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal
Freios: quatro discos ventilados, com ABS (Anti-block Braking System), distribuição eletrônica de frenagem EBD (Eletronic Brake Force Distribuition). Freios de alta performance com 4 pistões nas 4 rodas – BREMBO.
Estabilidade: ESP (Controle Eletrônico de Estabilidade) e TCS (Sistema de Controle de tração)
Rodas: aro de liga 20 polegadas com 8,5 polegadas de largura nos dianteiros e 9,5 nos traseiros
Pneus: dianteiros 245 x 40 ZR20 Run Flat e traseiro 275 x 35 ZR20 Run Flat
Peso: 1.798 quilos
Porta-malas: 208 litros
Tanque: 72 litros
Dimensões: comprimento 4,78 metros, largura 1,89 metro (2,06 metros com os espelhos), altura 1,34 metro, entre-eixos 2,81 metros