06 de janeiro 2017 - por Luiz Humberto Monteiro Pereira humberto@esportedefato.com.br
Prata nos Jogos de Londres, o
boxeador Esquiva Falcão traça planos até o título mundial dos médios
Aos 26 anos, Esquiva Falcão se prepara para mais uma luta.
Medalhista de prata nos Jogos de Londres, em 2012, está há três anos no boxe
profissional – por isso, desistiu de participar das Olimpíadas do Rio. O
boxeador capixaba está invicto nos 15 combates profissionais que disputou até
agora – foram 12 nocautes. Em outubro, bateu o mexicano Josué Obando no sétimo
round, por nocaute técnico. Volta ao ringue no dia 2 de dezembro, em Fresno, na
Califórnia, contra o norte-americano Gerardo Ibarra. “Temos planos de
disputar o cinturão mundial até na metade do ano 2018. Até lá, estarei com um
cartel de mais de 20 lutas e com bastante experiência no boxe profissional”,
avisa o lutador da categoria peso médio, até 72,5 kg, que é contratado da
promotora de boxe norte-americana Top Rank e mora em Las Vegas.
Esquiva é irmão
de Yamaguchi Falcão – medalha de bronze da categoria meio-pesado nos Jogos de
Londres – e filho do ex-pugilista Adegard Câmara Florentino, conhecido como “Touro
Moreno”. Foi do pai a ideia de batizá-lo com um nome tão incomum. Seria uma
forma de driblar a regra que proíbe os treinadores de dar instruções durante as
lutas e mandar o filho esquivar-se quando quisesse. “Poderia alegar que
estava apenas dizendo meu nome”, diverte-se Esquiva, que pretende fazer
sua primeira luta no Brasil como profissional no ano que vem.
Esporte de Fato - Como se iniciou no boxe?
Esquiva Falcão – Meu pai me ensinou tudo no quintal de
casa – os primeiros passos, os primeiros golpes. Depois fui para São Paulo,
treinar em São Caetano do Sul. Fiquei seis meses e depois voltei para casa do
meu pai, no Espírito Santo. Eu treinava em um quintal e socava uma bananeira –
não tinha saco de pancada, pois era muito caro. Em 2007, recebi uma ligação do
Raff Giglio, me convidando para treinar no projeto dele no Rio de Janeiro, o
Todos na Luta. Ele me colocou para morar em um quarto nos fundos da academia
dele. Minha cama era uma pilha dos colchonetes da academia. Fiquei lá quase
dois anos, até que disputei o campeonato brasileiro e consegui uma vaga na
seleção brasileira. Lá, fiz várias viagens internacionais e nacionais. Em
alguns eventos era campeão, outros não, mas sempre me destacava. Até que fui
para o Mundial, fiquei em terceiro lugar e consegui a vaga olímpica. O plano
era simples: pegar uma medalha olímpica, independente de qual cor fosse. Acabei
levando a de prata.
Esporte de Fato - Como foi a decisão de partir para o boxe
profissional?
Esquiva Falcão – Depois que eu ganhei a medalha olímpica
em Londres, muitas portas se abriram pra mim, especialmente para o boxe
profissional. Muitas empresas americanas me procuraram para conversar. Eu já
tinha feito de tudo no boxe amador, participei de todos campeonatos,
Brasileiro, Mundial, Sul-americano, Campeonato das Américas, Campeonato na
Europa e vários outros. Assim, era o
momento certo de passar para o boxe profissional.
Esporte de Fato - O fato das Olimpíadas de 2016 serem no Rio
de Janeiro não “balançou” essa decisão de se profissionalizar?
Esquiva Falcão – Ter a chance de disputar as Olimpíadas
no Brasil, é claro, conta muito. Mas eu estava focado em passar para o boxe
profissional. Então, eu passei com a cabeça tranquila e sem arrependimentos.
Fiz no momento certo.
Esporte de Fato - O que achou do boxe brasileiro nas
Olimpíadas do Rio?
Esquiva Falcão – Acompanhei algumas lutas do Brasil. A
equipe estava bastante preparada. Eu acreditava em duas ou três medalhas para o
país, mas boxe é bastante difícil. Conseguimos uma de ouro, com o Robson
Conceição. Tinham muitos meninos novos na equipe, mas estavam bem confiantes e
soltos. Acredito que esse time vai dar muitos frutos no futuro.
Esporte de Fato - Como vê a chegada do campeão olímpico
Robson Conceição ao boxe profissional?
Esquiva Falcão – Uma chegada muito boa e positiva para o
boxe profissional. É sempre bom receber grandes talentos, especialmente do
Brasil, e o Robson vem pra somar. Tenho certeza que ele vai brilhar muito no
boxe profissional e ajudar colocar o Brasil no topo.
Esporte de Fato - Como acredita que o boxe possa se
desenvolver ainda mais no Brasil?
Esquiva Falcão – O boxe brasileiro precisa de um ídolo
para crescer, motivar jovens e mesmo adultos. Estou fazendo a minha parte,
mostrando a cada luta que eu tenho chances de ser campeão mundial. E, quem
sabe, até ser esse ídolo que a modalidade precisa no nosso país.