22 de julho de 2016 - por Luiz Humberto Monteiro Pereira jogoscariocas@gmail.com
Há 25 anos morando na África, o
golfista gaúcho Adilson da Silva é o representante brasileiro nos Jogos Rio
2016
Filho de um carpinteiro e de uma faxineira, aos 13 anos de idade o gaúcho Adilson da Silva era “caddie” – transportava os tacos dos golfistas – no Santa Cruz Country Club, na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul. Lá conheceu Andy Edmondson, um fazendeiro do Zimbabwe que vinha ao Brasil negociar tabaco e adorava praticar golfe. “Quando eu tinha 19 anos, ele me convidou para ir para o Zimbabwe para me dar uma chance no golfe. Lá, em 1991, tive minha primeira aula de golfe no Harare Golf Club, com o Sr. Tim Price”, relembra Adilson. As aulas deram resultado. 25 anos depois, com mais de 40 títulos internacionais no currículo, Adilson é o brasileiro melhor posicionado no ranking olímpico do golfe, onde ocupa a 51ª posição entre os 60 golfistas habilitados à competição. Nos Jogos Rio 2016, o golfe volta à disputa olímpica após uma longa ausência – foi disputado pela última vez nos Jogos de Saint Louis, em 1904.
Em 1991, quando chegou ao continente africano, Adilson não falava inglês. Agora, até confunde a língua do país onde vive com o português. Do Zimbabwe. mudou-se para a África do Sul, onde mora ao lado da esposa Althea e do filho Marcelo, de dois anos e meio. No cenário sul-africano, o sucesso dos seus principais profissionais nas grandes competições de golfe reflete o investimento no esporte – o país tem 440 campos com excelente infraestrutura e atrai turistas de golfe de todo o mundo. “Somos muito felizes morando aqui na África do Sul. O pessoal é muito legal, parecido com as pessoas no Brasil. Um povo alegre e de bom coração”, explica Adilson, que integra a equipe de golfe YKP/Azeite 1492.
Jogos Cariocas - Como você se aproximou do golfe?
Adilson da Silva – Eu comecei como “caddie” no Santa Cruz Country Club, na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul, quando tinha uns 13 anos de idade. Depois de algum tempo conheci um senhor do Zimbabwe chamado Andy Edmondson, que vinha pra Santa Cruz do Sul em época de colheita de fumo. Fui seu caddy por alguns anos. Depois, Andy me convidou para ir para o Zimbabwe, onde tive minhas primeiras aulas de golfe.
Jogos Cariocas - Como foi sua trajetória como golfista profissional?
Adilson da Silva – Virei profissional em 1994, aqui na África do Sul. Nos primeiros anos foi muito difícil, mas depois de algum tempo você começa a se acostumar com viagens, hotéis, campos diferentes, comida diferente, etc. Nos últimos cinco anos, jogo no Tour Asiático, no circuito sul-africano Sunshine Tour e alguns torneios na Europa. Para disputar a vaga olímpica, jogando em muitos países diferentes e tantas viagens, existe muita pressão financeira. Felizmente, contei com o apoio dos empresários Yim King Po, da consultoria de gestão empresarial YKP, e Sérgio Carpi, do Azeite 1492, que criaram a equipe de golfe YKP/Azeite 1492. A Confederação Brasileira de Golfe e o Comitê Olímpico do Brasil também ajudaram bastante.
Jogos Cariocas - Como é a sua rotina diária de treinos?
Adilson da Silva – Treino em três clubes na África do Sul, perto de onde moro – Zimbali Country Club, Umhally Golf Club e Simbithi Country Club. Estes clubes são muito generosos e me deixam jogar e treinar o quanto quero. Começo cedo a treinar, treino por 6 horas, jogo um pouco no campo e depois vou para a musculação por um hora.
Jogos Cariocas - Como estão as chances do golfe do Brasil nas Olimpíadas?
Adilson da Silva – Estou treinando muito e vou fazer o meu melhor esforço para conquistar uma medalha. Acho que todos os golfistas que vão fazer parte das Olimpíadas são jogadores de nível muito alto e a maioria vão tem chance de ganhar medalha. Foi sempre um sonho pra mim jogar nas Olimpíadas e a agora, graças a Deus, se tornou realidade.
Jogos Cariocas - Acredita que a presença do golfe nas Olimpíadas do Rio possa ajudar a popularizar o esporte no Brasil?
Adilson da Silva – Acho que vai causar bastante interesse no jogo e é isto que precisamos – mais pessoas para conhecer e experimentar o golfe. Acho que não é só um jogo, mas sim uma experiência muito bonita, que ensina coisas boas como honestidade, esforço, trabalho físico e mental. E, além disso, você se diverte bastante no campo. Tenho muita sorte de fazer parte desse jogo. Quando deixar o golfe profissional, pretendo trabalhar em um clube de golfe e ajudar outras pessoas a jogar.