28 de abril de 2023 - por Daniel Dias e Gabriel Dias
Com seu visual "off-road", versão Trekking dá um apelo emocional à linha Fiat Mobi e ajuda a embalar as vendas.
O Mobi foi criado em 2016 para ser o carro de entrada da Fiat. Voltado para um público mais jovem e interessado em uma compra racional, surgiu como uma resposta direta ao Up e seguiu o caminho de subcompacto da Volkswagen, imitando até a extravagante tampa de vidro do porta-malas existente na versão europeia do concorrente. Atualmente, o subcompacto fabricado em Betim (MG) tem apenas duas variantes, com a mais interessante "vestida" com ares aventureiros para aparentar que pode enfrentar um mínimo de terreno off-road. De fato, apesar do estilo intrépido, o Mobi Trekking é um veículo totalmente urbano.
Se não é adequada para transpor trilhas inóspitas, a versão Trekking mostrou eficiência para embalar o desempenho de vendas do Mobi no mercado brasileiro. No ano passado, o subcompacto ficou na quarta posição e em primeiro na Fiat entre os carros de passeio, com 72.756 unidades emplacadas de janeiro a dezembro, atrás, no geral, da companheira de fábrica, a picape compacta Strada (112.456). Já no primeiro trimestre de 2023, o Mobi vendeu 14.666 exemplares, ficando em segundo lugar no segmento entre os modelos da marca italiana pertencente à Stellantis – perdendo para o "irmão" hatch compacto Argo (14.988) – e para a própria Strada no geral de automóveis e de comerciais leves. A picape teve 23.772 unidades vendidas no acumulado de janeiro a março deste ano.
O Dias ao Volante andou por uma semana com a versão Trekking do Mobi, que não teve mudanças na linha 2023, mostrada em março do ano passado. Com o preço reajustado em fevereiro deste ano, o modelo na sua versão mais básica, a Like, passou de R$ 67.490 para R$ 68.990 (no Estado de São Paulo, onde as tributações são mais elevadas, parte de R$ 70.850), enquanto sua variante disfarçada de off-road, a Trekking, subiu de R$ 70.990 para R$ 72.290 (R$ 74.240 em SP). O posto de carro mais barato do Brasil é do Renault Kwid Zen, que sai por R$ 66.590.O preço inicial do Mobi Trekking corresponde à carroceria em Preto Vulcano. Nas sólidas Branco Banchisa e Vermelho Montecarlo (a do modelo testado e também a mais chamativa da versão), o valor aumenta em R$ 870. Na perolizada Cinza Strato, sobe em R$ 1.225. Já na metálica Cinza Silverstone, o preço cresce em R$ 1.790. Com exceção da cor Preto Vulcano, nas quatro outras, o carro tem teto preto.Como opcionais no Pack Safety – a R$ 715 –, estão disponíveis para as duas variantes do Mobi os controles de estabilidade e de tração e o assistente de partida em rampa.
Dentro, a versão Trekking tem volante multifuncional, console de teto com porta-objetos e central multimídia UConnect com tela "touchscreen" de 7 polegadas com espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay sem fio, podendo parear até dois smartphones ao mesmo tempo. Sob o capô, o Mobi Trekking tem um velho conhecido da freguesia, o motor aspirado 1.0 Fire Evo bicombustível com 74 cavalos de potência abastecido com etanol a 6.250 rotações por minuto e 9,7 kgfm de torque a 3.850 giros, associado ao câmbio manual de 5 marchas. Não existe qualquer mudança no mapeamento do propulsor para a configuração Trekking em relação à Like, de entrada. De acordo com a Fiat, o subcompacto acelera de zero a 100 km/h em 13,8 segundos e pode chegar a 152 km/h com etanol. Em termos de consumo, o Inmetro aponta o citadino de 13 km/l com gasolina e de 8,9 km/l com etanol e na estrada de 14,1 km/l e de 10,1 km/l, respectivamente, garantindo a nota A no instituto de aferição.
O que sobra em estilo aventureiro em seu exterior, falta dentro da cabine do Fiat Mobi Trekking.É um festival de plásticos duros por toda a parte.O espaço é bastante limitado, tanto na frente mas principalmente para o pessoal de trás. Os passageiros da frente até podem ficar confortáveis se recuarem seus assentos por completo – o que torna a situação ainda mais crítica no banco traseiro. Entretanto, o interior do Mobi Trekking também tem seus destaques positivos.A central multimídia UConnect com tela tátil de 7 polegadas é a mesma das picapes Toro, produzida em Goiana (PE), e Strada, feita na mesma Betim do Mobi. A interatividade do usuário com o veículo é aprimorada por meio das funções de navegação via Waze e Google Maps, streaming com MP3, reconhecimento de voz (Siri/Google Voice), leitura e resposta de mensagem para SMS e WhatsApp e integração com calendário. O diminuto espaço interior tem uma compensação: o ar-condicionado refresca rapidamente o ambiente.
Se o Mobi Trekking não chega a animar o motorista em termos de desempenho pelo veterano motoraspirado 1.0 Fire Evo Flex, de 74 cavalos e 9,7 kgfm com etanol no tanque, o subcompacto se comporta admiravelmente no conturbado trânsito das grandes cidades, com uma agilidade digna de nota facilitada pela boa direção hidráulica. Por ser tão pequeno, o carro não sente a ausência de uma assistência elétrica na direção. Os menos de mil quilos do Mobi compensam a falta de potência, com o veículo ganhando o ritmo de cruzeiro na estrada com facilidade, se – claro – estiverem a bordo apenas o motorista e seu acompanhante e sem o peso de bagagem. O Mobi é ideal para duas pessoas e mais duas crianças acomodadas em cadeirinhas apropriadas no banco traseiro. Apesar de ser manual, o câmbio de 5 marchas não tira a paciência nem cansa o motorista, pois tem engates macios e precisos.
O Mobi até que tem um bom comportamento suspensivo e é ágil nas manobras evasivas na cidade e na estrada, com pouquíssimo rolamento da carroceria. Esse quesito nem poderia ser diferente, por o carro ter tão pouca área para "rolar". A suspensão na versão Trekking é levemente endurecida em comparação à versão de entrada, para tentar conferir um comportamento mais arisco na versão aventureira. Mas isso é perceptível apenas para um motorista bem atento. E se a intenção do proprietário do Mobi Trekking – com seu jeito de "off-road urbano" – for encarar trilhas ou mesmo estradas de chão batido, é melhor esquecer a ideia e buscar uma rota mais bem pavimentada. A versão do subcompacto da Fiat, assim como sua variante de entrada, nasceu para viver na cidade.
FICHA TÉCNICA
Motor:1.0 Fire Evo Flex aspirado, 999 cm³, quatro cilindros, injeção multiponto
Potência:74 cavalos com etanol e 71 cavalos com gasolina a 6.250 rpm
Torque:9,7 kgfm com etanol e 9,3 kgfm com gasolina a 3.250 rpm
Câmbio:manual de 5 marchas
Tração:dianteira
Direção:hidráulica
Suspensão:dianteira tipo MacPherson, roda tipo independente e molas helicoidal, traseira tipo eixo de torção, roda tipo semi-independente e molas helicoidal
Carroceria:hatch subcompacto com quatro portas
Dimensões:3,56 metros de comprimento, 1,68 metro de largura, 1,54 metro de altura, 2,30 metros de entre-eixos
Peso:969 quilos
Tanque:47 litros
Porta-malas:215 litros
Preço da versão testada (Vermelho Montecarlo com teto preto):R$ 73.160 (R$ 75.135 para o Estado de SP)