17 de novembro 2017 - por Luiz Humberto Monteiro Pereira humberto@esportedefato.com.br
Crescer dentro no cenário mundial do tiro com arco é o alvo do arqueiro carioca Marcus D’Almeida
Marcus D’Almeida começou com 12 anos no tiro com arco e aos 16 já estava entre os dez melhores atletas da modalidade no mundo. Após o segundo lugar no Mundial de Lousanne, em 2014, e o ouro no Mundial juvenil de 2015, chegou aos Jogos Rio 2016 como uma das grandes esperanças de medalhas brasileiras – mas foi eliminado logo no primeiro confronto. Após as Olimpíadas, enfrentou a dura “ressaca pós-olímpica” da Confederação Brasileira de Tiro com Arco. “Infelizmente a seleção brasileira de tiro com arco segue ainda até hoje sem um técnico nomeado para a seleção adulta”, lamenta o carioca de 19 anos.
Em 2017, Marcus conquistou medalhas nos Grand Prix do México e de Portugal e foi quarto colocado na terceira etapa da Copa do Mundo em Salt Lake City, nos Estados Unidos. Esse ano, ainda terá três competições internacionais importantes: a quarta etapa da Copa do Mundo, em Berlim, 8 e 13 de agosto; o Mundial de Base, na Argentina, de 2 a 8 de outubro; e o Mundial do México, de 15 a 22 de outubro. Sobre as possibilidades de voltar às Olimpíadas nos Jogos Tóquio 2020, o arqueiro tergiversa. “O foco primeiramente tem de estar na conquista da vaga para as Olimpíadas. Para isso, teremos o Mundial de 2019, em 's-Hertogenbosch, na Holanda”, pondera Marcus, sem tirar os olhos do alvo.
Esporte de Fato - Como o tiro com arco surgiu na sua vida?
Marcus D'Almeida – Foi em 2010, quando eu tinha 12 anos. O centro de treinamentos da Confederação Brasileira de Tiro com Arco se instalou perto da minha casa em Maricá, na Região dos Lagos Fluminense. Sempre me interessei por esportes e logo quis saber como era o tiro com arco.
Esporte de Fato - Qual é o principal atrativo da modalidade?
Marcus D'Almeida – Acho que o maior atrativo do tiro com arco é você se conhecer. Quem pratica desenvolve um autocontrole muito grande. É um esporte genial, que só depende de você. Isso é muito legal. E a comunidade de praticantes do esporte aqui no Brasil concentra muita gente boa.
Esporte de Fato - Após o segundo lugar no Mundial de Lousanne, em 2014 e o ouro no Mundial juvenil de 2015, você chegou aos Jogos Rio 2016 cercado de muita expectativa de medalhas. Mas acabou eliminado na primeira disputa eliminatória. Como encarou a eliminação precoce?
Marcus D'Almeida – Eram as minhas primeiras Olimpíadas e podia acontecer de tudo. Mas eu estava preparado para aquele momento. Acabei pegando no primeiro confronto o norte-americano Jake Kaminski, um arqueiro muito bom, que já havia ganhado uma medalha de prata nos Jogos de Londres, em 2012. Sabia que seria um combate duro – e foi. Perdi por 6X2, mas não considero que tenha sido um resultado tão ruim. Eu só tinha 18 anos e foi uma experiência que vai me ajudar muito nos próximos ciclos olímpicos.
Esporte de Fato - Um ano depois do evento, como você avalia a importância dos Jogos Rio 2016 para o esporte olímpico brasileiro em geral e para o tiro com arco em particular?
Marcus D'Almeida – Acho que muitos esportes, como o meu, se tornaram bem mais conhecidos pelo público brasileiro pelo fato do Brasil disputar os Jogos Olímpicos “em casa”. Nesse aspecto, foi muito benéfico. Após as Olimpíadas do Rio, algumas coisas não correram dentro do previsto em algumas modalidades, mas já estão entrando nos eixos para os Jogos de Tóquio, em 2020.
Esporte de Fato - Após os Jogos Rio 2016, muitos atletas brasileiros têm tido dificuldades em manter os patrocínios. Teve esse problema?
Marcus D'Almeida – Com certeza. Antes das Olimpíadas do Rio, eu tinha alguns patrocinadores. Atualmente, meu único patrocinador é a Hyundai. Com o quarto lugar na terceira etapa da World Cup, subi para décimo terceiro no ranking mundial. Por isso, devo voltar a receber o Bolsa Pódio do Ministério dos Esportes, que é para quem está entre os 20 primeiros do ranking mundial de cada modalidade.
Esporte de Fato - O que acha que poderia ser feito para que o tiro com arco ganhasse mais popularidade no Brasil?
Marcus D'Almeida – Se houvesse mais centros de treinamentos da modalidade espalhados por todo o Brasil, certamente surgiriam novos interessados e seriam descobertos novos talentos. Dar oportunidade a mais praticantes seria um grande avanço para a modalidade.