Jeep Compass Hybrid 4xe - Dias ao Volante

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Jeep Compass Hybrid 4xe

Na rota da tomada
05 de fevereiro de 2024 - por Daniel Dias e Gabriel Dias

Importado da Itália e cotado para virar "made in Brazil" ainda este ano, o híbrido plug-in Jeep Compass 4xe posiciona a Stellantis no caminho da eletrificação

Importado da Itália desde 2022, o Jeep Compass 4xe é o único modelo híbrido vendido no Brasil pelo grupo Stellantis – que, além da Jeep, reúne as marcas Fiat, Ram, Peugeot e Citroën. Movido por um motor a gasolina associado a um elétrico carregável em tomadas, o utilitário esportivo médio está cotado para ser pioneiro mais uma vez e se tornar o primeiro híbrido da Stellantis fabricado no Brasil, algo que deve ocorrer ainda este ano. No processo de nacionalização, a produção local do Compass 4xe acrescentará a tecnologia "Bio-Hybrid", combinando um motor elétrico com um a combustão movido por gasolina e/ou etanol (flex). Aliás, outros modelos produzidos em Goiana, Pernambuco, devem ganhar configuração híbrida em breve – além do Compass, os Jeep Commander e Renegade e a picape Fiat Toro.
O Compass 4xe chegou ao Brasil em abril de 2022 com preço de R$ 349.990. Tempos depois, com a versão não "deslanchando" nas vendas, a própria Stellantis percebeu que o preço estava alto demais. Inicialmente, baixou para R$ 290 mil. Com os preços agressivos praticados pela concorrência – especialmente pelas chinesas GWM e BYD –, a Jeep resolveu radicalizar de vez, oferecendo a variante híbrida por R$ 250 mil, R$ 100 mil abaixo do preço inicial. Atualmente, embora no site da Jeep o preço apareça como R$ 347.300, ainda é possível encontrar descontos em várias concessionárias. Mesmo assim, o híbrido da Jeep fechou o ano passado com apenas 384 unidades vendidas (pouco mais de 30 por mês). Já a linha Compass como um todo – com motorizações 1.3 flex T270 e turbodiesel TD350 – vai muito bem de vendas no Brasil. Manteve a liderança do segmento de SUVs médios em 2023, com 59.106 unidades emplacadas e média mensal de quase 5 mil carros.
O Compass 4xe vem da Itália na versão Série S, a mesma do Compass brasileiro Série S T270, que é configuração mais completa com o motor turboflex. Debaixo do capô, o 4xe traz o motor 1.3 T270 turbo produzido na Itália e configurado para "beber" apenas gasolina, ficando com 180 cavalos de potência e os mesmos 270 Nm (daí, o nome do motor) ou 27,5 kgfm de torque. O câmbio é um automático de 6 marchas. O 4xe adiciona um motor elétrico acoplado ao eixo traseiro, que também cumpre a função de gerador, com 60 cavalos e 25,5 kgfm, totalizando 240 cavalos de potência. Não se sabe ao certo o motivo, mas a Jeep jamais revelou qual é o torque combinado do veículo. O Compass 4xe só é um veículo com tração integral quando os dois motores (a combustão e elétrico) estão acionados ao mesmo tempo. Se o carro estiver no modo 100% elétrico, fica com tração apenas na traseira. Parte do espaço originalmente destinado ao cardã é ocupado no Compass 4xe pela bateria de alta tensão, abaixo dos bancos traseiros, não alterando o espaço interno. Como o carro não tem o eixo cardã, o propulsor a combustão não pode tracionar as rodas traseiras. Se a central eletrônica, que comanda todo o sistema, detectar perda de tração atrás, reforça automaticamente a potência do motor acoplado às rodas traseiras, ou seja, o elétrico.
A bateria do Compass 4xe tem tensão de 400 volts, refrigeração independente e inversor de corrente integrado. O conjunto fica dentro de um invólucro metálico que serve como proteção contra elementos externos, incluindo imersão na água. A bateria tem capacidade total de 11,4 kWh, possibilitando uma autonomia 100% elétrica de até 30 quilômetros pelo Inmetro (44 quilômetros pelo ciclo europeu WLTP). Pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), o Compass 4xe tem consumo urbano de 25,4 km/l e rodoviário de 24,2 km/l. Segundo a Jeep, o SUV médio, com os dois motores acionados, acelera de zero a 100 km/h em 6,8 segundos, podendo chegar a 206 km/h.
O Compass 4xe é oferecido em três opções de cores da carroceria, que não alteram o preço: o preto, o Azul Shade e o Branco Alpine (a do modelo avaliado), todas com teto preto. Os logos "Jeep" e "Compass" no capô, nas portas dianteiras e na tampa do compartimento de carga têm contornos azuis, identificando mais facilmente a versão híbrida. Na traseira, fica ainda o logo "4xe", com a última letra pintada em azul. O SUV italiano tem faróis full-led com design exclusivo. Na cabine, a configuração híbrida recebeu costuras contrastantes, quadro de instrumentos full-digital de 10,25 polegadas e sistema multimídia Adventure Intelligence de 10,1 polegadas com espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay sem fio. As rodas de liga leve de 19 polegadas pintadas em preto brilhante e o teto solar panorâmico Command View completam o charme do Compass 4xe.
O Dias ao Volante andou com o Compass híbrido por uma semana. Dentro, o Compass 4xe é um Jeep Compass. Lá estão os mesmos padrões de materiais de acabamento já conhecidos – o acabamento da versão brasileira não deixa a desejar em relação ao do modelo italiano. O painel de instrumentos full-digital tem 10,25 polegadas e o sistema multimídia tem tela sensível ao toque de 10,1 polegadas. Quem é fã de música, pode se deleitar com o sistema de som premium Alpine com oito alto-falantes, subwoofer e 506 Watts de potência. A segunda fileira de bancos conta com uma saída de ar-condicionado no console central, dois conectores USB (sendo um do tipo C) e assentos tripartidos.
O Compass 4xe não tem opcionais e traz de série equipamentos como assistente de estacionamento semi-autônomo, sistema ADAS com controlador de velocidade adaptativo, alerta de mudança de faixa com correção, leitor automático de placas, alerta de veículo no ponto cego, frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres, ciclistas e motociclistas e sete airbags. Inclui ainda o sistema de visão 360 graus, que usa câmeras posicionadas sob os retrovisores, na grade do radiador e na tampa do porta-malas para dar ao motorista uma visão panorâmica do carro, facilitar manobras e permitir a visualização de obstáculos mesmo em trilhas fechadas e inclinadas.
O comportamento dinâmico do Compass 4xe nada deve ao das versões equipadas com o motor turbo T270. Os 240 cavalos de potência somados pelo motor a combustão com o elétrico são mais do que suficientes para empurrar o carro de quase duas toneladas com desenvoltura, seja no trânsito conturbado das grandes cidades ou na estrada. Pena que a autonomia no modo puramente elétrico – de 30 quilômetros pelo Inmetro e de 44 quilômetros pelo WLTP – seja tão baixa. Por outro lado, o sistema e-Coasting – acionado por um botão localizado abaixo da central multimídia – permite que o carregamento seja feito com o veículo em movimento convertendo a energia cinética em elétrica para abastecer a bateria do motor "verde".
O SUV híbrido tem uma "pegada" muito boa e se agarra ao chão devido especialmente aos eficientes controles de estabilidade e tração. Pelo fato de a autonomia elétrica ser tão curta, o motorista acaba usando o carro no modo "Híbrido" na maior parte do tempo. O Compass 4xe não é um legítimo 4×4 para off-road severo porque sua tração integral é originada de um motor de força ligado apenas às rodas da frente – o turbo T270 – e outro, elétrico e mais fraco, que move somente as rodas de trás. Tal configuração não o qualifica para encarar trilhas mais radicais, apesar de contar com botões que travam a tração integral, com opção de marcha reduzida eletronicamente. O carro tem aptidões para o off-road porque trata-se de um Jeep, porém, apesar da tração nas quatro rodas, não é o veículo mais recomendável da linha para enfrentar os obstáculos mais difíceis.
O SUV médio conta com três modos de condução: "Híbrido", "Elétrico" e "E-Save", bem localizados à esquerda do volante multifuncional. Os dois primeiros se explicam naturalmente, enquanto o "E-Save" prioriza a recarga da bateria. Para a Jeep, a autonomia total do Compass híbrido é de 927 quilômetros, bastante para um veículo que conta com um tanque de combustível de apenas 36,5 litros. No entanto, esse item não foi avaliado no teste. Na "vida real", a possibilidade de o Compass 4xe ser recarregado em casa é uma comodidade a mais. A primeira forma para isso é usando o carregador doméstico portátil – que acompanha o carro – conectado a uma tomada de 110V/220V de três pinos, carregando a bateria de quatro a vinte horas. Optando por um carregador de parede (Wallbox) da Weg ou EnelX (ambos homologados pela Jeep), de 7,4 kW, a recarga completa é feita em uma hora e 40 minutos no modo mais rápido ou em nove horas no mais lento.

FICHA TÉCNICA

Motor a combustão: dianteiro, transversal, 1.332 cm³, com turbocompressor

Transmissão: automática de 6 marchas

Combustível:
gasolina

Motor elétrico:
traseiro, transversal, tipo de rotor IPM (magnetos permanentes internos)

Potência combinada:
240 cavalos

Torque do motor turbo:
27,5 kgfm (270 Nm) a 1.750 rpm e torque do motor elétrico 25,5 kgfm. A Jeep não revela o torque combinado

Bateria:
400 V, 11,4 kWh

Autonomia no modo 100% elétrico:
30 km pelo Inmetro, 44 km pelo WLTP

Tração:
4xe (motor a combustão traciona o eixo dianteiro e o elétrico, o traseiro)

Sistema de freio:
disco ventilado na dianteira, disco sólido na traseira, ABS e ESC integrado ao sistema regenerativo

Suspensão: dianteira tipo MacPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, traseira tipo MacPherson com rodas independentes, links transversais/laterais e barra estabilizadora

Direção: elétrica com pinhão e cremalheira

Rodas e pneus: liga leve de 19 polegadas, 235/45 R19

Dimensões:
4,40 metros de comprimento, 1,81 metro de largura, 1,64 metros de altura, 2,63 metros de entre-eixos

Peso:
1.908 kg

Tanque de combustível: 36,5 litros

Preço: R$ 250 mil

DESTAQUES

Estilo
10
Painel de funções
10
Acabamento
10Freios
10
Posição de dirigir
10Suspensão
10
Instrumentos
10Autonomia (conjunto)

8
Interior
10Estabilidade
10
Porta-malas
9Custo-benefício
9
Desempenho
9Recomendação
10
Motor
9Avaliação Geral
9,6

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