11 de março 2017 - por Luiz Humberto Monteiro Pereira humberto@esportedefato.com.br
O surfista paulista Adriano de Souza, o Mineirinho, quer um novo titulo mundial e sonha com as Olimpíadas de Tóquio
Adriano de Souza, o Mineirinho, nasceu no Guarujá, mas sem vista para o mar. Criado na favela de Santo Antonio, na periferia da cidade litorânea paulista, teve uma infância difícil, com poucos recursos. Sua casa ficava a 40 minutos da praia e ele não tinha condições de ter uma prancha própria. “Eu não tinha nenhuma estrutura para iniciar no esporte. Por isso, o valor que eu dou para as coisas é muito grande. Conheci o surfe com pranchas emprestadas e me apaixonei. Um dia, meu irmão Ângelo me comprou uma prancha de 30 reais. Naqueles tempos, isso era muito dinheiro para ele. Foi graças a essa prancha que a minha carreira começou”, relembra Mineirinho, que, além da prancha, também herdou o apelido do irmão. “Ele é 12 anos mais velho que eu e era o Mineiro na turma dele. Ganhou esse apelido por seu jeito tímido, introspectivo, de poucas palavras. Com o tempo, como era o irmão mais novo do Mineiro, virei o Mineirinho”, diverte-se o corinthiano roxo que, aos 29 anos, mora em Florianópolis e é o mais experiente de uma nova geração de surfistas nacionais, que inclui nomes como Gabriel Medina, Filipe Toledo e Miguel Pupo e recebeu do mundo do surfe o apelido de “Brazilian Storm” – tempestade brasileira – por causa do estilo arrojado.
Profissional desde 2002, quando tinha 15 anos, Adriano logo tornou-se o mais jovem campeão brasileiro de uma competição profissional, vencendo uma etapa do SuperSurf. Em 2004, foi campeão do Mundial de Juniores na Austrália, em 2004, e em 2005 foi o primeiro colocado da Divisão de Acesso (WQS), resultado que o credenciou para a elite mundial do esporte. Ao longo de uma década, venceu diversas etapas nos mundiais seguintes. Até que, em 2015, teve bons desempenhos nas 11 etapas no circuito da World Surf League até a consagração máxima na etapa de Pipeline, no Havaí. Depois de vencer na semifinal o havaiano Mason Ho, superou na final o também paulista Gabriel Medina, que havia sido campeão mundial em 2014 – foi a primeira vez que dois brasileiros disputaram a final da etapa de Pipeline. Para 2017, além de buscar um novo título mundial, ele também inicia um ciclo olímpico, de olho na entrada do surfe nos Jogos de 2020, em Tóquio. “Todo surfista sempre sonhou em um dia representar seu país nos Jogos Olímpicos”, acredita Mineirinho, que é patrocinado por HD, Red Bull, Oakley, Oi, G-Shock, Mitsubishi do Brasil, Banana Wax, JBL e Nossolar.
Esporte de Fato - O que achou da inclusão do surfe como categoria olímpica, no Jogos Tóquio 2020?
Adriano de Souza – Acho que será muito importante para o nosso esporte. Participar das Olimpíadas sempre foi um grande sonho para mim e para muitos surfistas. Acompanhei de perto os Jogos Rio 2016, principalmente as competições do velocista jamaicano Usain Bolt e do nadador norte-americano Michael Phelps.
Esporte de Fato - Como acha que deveria ser a disputa do surfe dentro das Olimpíadas?
Adriano de Souza – Se o torneio olímpico de surfe seguir os moldes da WSL, eu acharei bem legal. As possibilidades brasileiras no surfe nos Jogos Tóquio 2020 são as melhores possíveis. Temos boas chance de brigar pela medalha de ouro.
Esporte de Fato - No circuito nacional e mundial, quais são as próximas competições que irá disputar?
Adriano de Souza – O Mundial começa em março, na etapa da Austrália, e quero ser novamente campeão. Meu atual objetivo é me manter entre os maiores surfistas do mundo e tentar me tornar o maior atleta brasileiro da história do surfe.
Esporte de Fato - No Brasil, qual é a seu local predileto para o surfe?
Adriano de Souza – Gosto bastante da praias de Florianópolis, onde moro, principalmente da praia do Campeche. No Guarujá, cidade paulista onde nasci, também temos ondas muito legais.
Esporte de Fato - Como acredita que o surfe possa se desenvolver como esporte no Brasil?
Adriano de Souza – O esporte já possui um bom grupo de jovens talentos e surgem novos surfistas de qualidade todos os dias. Só o que falta é apoio para a realização de mais campeonatos de surfe por aqui.