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Com o mesmo nome do carro deste ano pilotado pelo alemão Sebastian Vettel e pelo monegasco Charles Leclerc no Mundial de Fórmula-1, a nova obra de arte da Casa de Maranello acrescenta o sobrenome Stradale (“de estrada”, em português) ao SF90 justamente para se diferenciar da “barata” de pista. O “90” é uma alusão às nove décadas da lendária equipe fundada por Enzo Ferrari, ao se juntar à Alfa Romeo em 1929 para poder construir os carros vermelhos de competição. Quis o destino que, muitos anos depois, a Alfa Romeo passasse às mãos da mesma dona da equipe do “Cavallino Rampante”, a Fiat. O “SF” significa Scuderia Ferrari. O SF90 Stradale não é apenas um homônimo do “bólido” da equipe, ele é um legítimo carro de F-1 com autorização para andar nas ruas e estradas, pois utiliza toda a tecnologia de mecânica, aerodinâmica e modernidade vinda das pistas do Mundial, tudo encoberto por uma carroceria deslumbrante. O mais novo modelo da Ferrari será uma série não-limitada e deverá chegar ao mercado no final deste ano, com um preço não menor que 500 mil euros (cerca de R$ 2,20 milhões).O SF90 Stradale é o primeiro híbrido “plug in” (recarregável) da Casa de Maranello, já que a LaFerrari, lançada em 2013 e aposentada no ano passado, utilizava os motores elétricos apenas para aumentar a potência do carro. A maior associação do SF90 ao modelo de pista está justamente no seu coração e nas relações de força. Desde a temporada de 2014, a F-1 é empurrada por motores turbo e elétricos, portanto, híbridos, com potência, não anunciada pelas equipes, em torno de mil cavalos. O Stradale é equipado com um 4.0 V8 biturbo de 780 cavalos e brutais 81 kgfm de torque (91 kgfm no total) a 6 mil rotações por minuto. Os 220 cavalos restantes para se igualar à F-1 vêm de três motores elétricos, um colocado atrás – entre o propulsor a combustão e a caixa de câmbio – conhecido como MGUK (Motor Generator Unit Kinetic), exatamente o mesmo nome e tecnologia usados no SF90 de Vettel e de Leclerc. Os outros dois elétricos estão acoplados ao eixo da frente e permitem uma rodagem 100% elétrica e uma autonomia de 25 quilômetros, ideal para quando o SF90 está circulando nos grandes centros urbanos. O Stradale tem transmissão de dupla embreagem de 8 velocidades, tração integral e, óbvio, controles de tração e estabilidade. Com o SF90 no modo mais próximo ao nível de competição, acelera de zero a 100 km/h em 2,5 segundos e pode chegar à velocidade de 340 km/h, limitada eletronicamente por uma questão de segurança.Tanta analogia com a principal categoria do automobilismo poderia assustar. Não é o caso no SF90 Stradale. O motorista pode simplesmente selecionar um dos quatro modos da unidade de potência e se concentrar apenas em dirigir, se assim o desejar. A sofisticada lógica de controle cuida do resto, gerenciando o fluxo de energia entre o V8, os motores elétricos e as baterias. Graças a um seletor localizado no volante (outra semelhança com a F-1), o motorista pode escolher entre quatro modos de condução. No “eDrive”, o motor turbo permanece desligado e a tração é confiada inteiramente ao eixo dianteiro elétrico. Com a bateria carregada, o carro trafega por até 25 quilômetros a uma velocidade máxima de 135 km/h. O “Híbrido” é a configuração padrão quando o SF90 Stradale é ligado, no qual os fluxos de energia otimizam a eficiência geral do sistema. Se o motor a combustão estiver acionado automaticamente pelo sistema, pode ser exigido em sua potência plena. O modo seguinte é o “Regeneração”, que garante o carregamento mais eficaz da bateria e a disponibiliza instantaneamente quando necessário. É mais adequado para situações em que o prazer de dirigir e a diversão ao volante são o foco principal. O “Competição” oferece o Stradale ao motorista em estado puro de um veículo de corrida, com o sistema híbrido integral.Absolutamente tudo no Ferrari SF90 Stradale foi concebido levando em conta a combinação de potência e aerodinâmica – conceitos, mais uma vez, da F-1. O novo chassi emprega vários materiais – como a fibra de carbono – e tem alta rigidez sem aumentar o peso do veículo. Mesmo tendo 270 quilos a mais devido à tecnologia híbrida, o carro tem um peso de apenas 1.570 quilos, com relação de peso e potência de incrível 1,57 kg/cv, algo nunca visto antes em um modelo de produção em série. A aerodinâmica foi desenvolvida para gerar um “downforce” (pressão que age sobre o carro para “grudá-lo” ao chão) de 390 quilos a uma velocidade de 250 km/h. Para o resfriamento do motor a combustão, grandes entradas laterais direcionam o ar para a traseira. Até as rodas foram projetadas para ajudar na passagem de ar, outra solução vinda das pistas. O centro de gravidade foi baixado ao máximo para aumentar a sensação de esportividade ao volante e colaborar também na aerodinâmica.O interior do SF90 Stradale é ainda mais radical, com um explícito objetivo de criar um “cockpit” – deslocado mais próximo para o eixo dianteiro – que conduzisse a uma direção de design revolucionária, cujos efeitos seriam levados para toda a futura linha da Ferrari. Os designers de Maranello adotaram uma abordagem futurista para o conceito de interface com um forte foco na criação de um “cockpit” de inspiração na aeronáutica, enfatizando os instrumentos. Pela primeira vez em um Ferrari de rua, o painel compreende uma única tela de HD digital de 16 polegadas que curva em direção ao motorista ao estilo da F-1. Quando os motores estão desligados, os instrumentos a bordo emprestam ao “cockpit” um visual elegante e minimalista. De acordo com a tradição da Ferrari, a tela padrão é dominada por um grande conta-giros redondo ao lado do indicador de carga da bateria. A tela é completada com a navegação e o controle do áudio. Sem ostentação.