08 de Agosto de 2023 - por Daniel Dias e Gabriel Dias
Na versão Style com o motor Turbo 200 da Stellantis, o Peugeot 208 ganha enfim a necessária dose de esportividade.
Em 2020, chegou ao Brasil a reestilização do 208, que transferiu sua produção industrial de Porto Real, no Rio de Janeiro, para a Argentina. A repaginação do hatch compacto, apresentando ao mercado local as luzes diurnas que remetem a "dentes de sabre", era mais do que necessária e agradou ao público brasileiro. Mas faltava um algo a mais ao carro-chefe da marca do leão. Em julho do ano passado, a linha 2024 do 208 teve discretas alterações estéticas e apenas nas versões Like, Style, Active e Roadtrip – todas equipadas com o veterano motor aspirado 1.6. O reforço necessário veio apenas em setembro, quando chegaram às concessionárias três configurações do 208 – Allure, Style e Griffe – movidas pelo motor turbo T200 da Stellantis.
As configurações do 208 com o T200 – que foi lançado no utilitário esportivo Fiat Pulse e é adotado na picape Fiat Strada e nos SUVs Fiat Fastback e Citroën C3 Aircross – têm até 130 cavalos de potência e 20,5 kgfm de torque disponível a 1.750 rpm. Segundo a Peugeot, o pico de força surge em rotação mais baixa do que o registrado pelos concorrentes. O 208 é o modelo mais leve da Stellantis a receber o motor T200 produzido em Betim (MG). Nas versões com turbo, veio outra novidade: pela primeira vez no Brasil, um carro de passeio da Peugeot passava a ser equipado com o câmbio automático tipo CVT, tendo sua programação a cargo da Aisin – simulando 7 marchas e oferecendo o modo "Sport", com trocas sequenciais feitas na alavanca. De acordo com a Peugeot, a suspensão dianteira recebeu ajuste exclusivo para as variantes turbinadas, com o comportamento dinâmico ficando mais equilibrado, com maior controle de rolagem.
Das três configurações turbinadas, a que tem o melhor custo-benefício é a Style, tendo tudo da Allure e mais, de série, o pacote Excellence, o Visiopark 180 graus, ponteira cromada e novas rodas Bronx aro 17 com acabamento Dark Grey Diamond com raios entrelaçados. Acrescenta ainda faróis full-led e teto panorâmico, bancos "Style" em tecido, couro e alcântara, interior escurecido, soleira com a inscrição "Peugeot", pedais esportivos em alumínio e tapetes bordados. O pacote tecnológico inclui o i-Cockpit 3D. A família do 208 turbo se completa com a Griffe, com o acréscimo de seis airbags, sensor de chuva e luminosidade e o Peugeot Drive Assist, com auxílios à condução com alerta de colisão, frenagem de emergência automática, auxílio de farol alto, reconhecimento automático de sinalização de velocidade, detector de fadiga e alerta e correção de permanência em faixa.
O Dias ao Volante andou por uma semana com o Peugeot 208 turbinado. A cabine do 208 Style turbo mantém os acabamentos de bom gosto já conhecidos do modelo da Peugeot, com a vantagem de ser escurecida, dando uma certa aura de aconchego ao motorista e aos demais ocupantes, com seu maior cartão de visita preservado – o volante pequeno. No novo 208, ele ficou ainda mais atrativo por ter a forma retangular, com os quatro cantos arredondados, saliências para a boa colocação das mãos ao estilo "duas horas e 50 minutos" e a vantagem extra de o motorista poder apoiar a palma das mãos nos cantos quando a direção gira em manobras. A Style tem o i-Cockpit 3D, tecnologia que dá a sensação de o motorista contar com um duplo painel de instrumentos atrás do volante. E o "truque" é muito bem bolado: as informações são projetadas em uma terceira camada, dando a impressão de flutuarem. O "segredo do mágico" vem à tona com a explicação técnica: são duas telas que se sobrepõem no cluster, formando uma terceira praticamente virtual.
Motorista e passageiros têm a multimídia Peugeot Connect com 10,3 polegadas colocada em destaque bem no centro do painel. E ela assume um "porte avantajado" em comparação ao tamanho do carro, dominando o interior e tendo o acesso a todas as funções de conectividade e conforto, incluindo o acionamento do sistema de ar-condicionado digital automático. Mais abaixo, no próprio painel ao ar-condicionado, existem teclas físicas de ajustes de direção do fluxo do ar na cabine, de desembaçamento e outras funções. Descendo mais um degrau na parte central do painel, há um compartimento para carregamento de celular via wireless.
O que tem de mais importante na versão Style do 208 turbo é experimentar os "pontos ganhos" com a chegada do propulsor turbinado ao carro-chefe da Peugeot. Os 1.102 quilos do carro dão uma vantagem ao 208 com o 1.0 T200 de até 130 cavalos de potência e 20,4 kgfm de torque – todos os modelos da Fiat e da Citroën que adotam o mesmo motor são mais pesados. A boa sincronia com o câmbio automático tipo CVT de 7 marchas simuladas fazem o carro ganhar velocidade com facilidade, com boas respostas e pouco atraso de entrada do turbocompressor, quase imperceptível. Contudo, o 208 turbo sente falta de "paddles shifts" para trocas sequenciais ao comando do motorista, que tem, para isso, se satisfazer com mudanças manuais em toques na alavanca de câmbio. Com o modo "Sport" – acionado em um interruptor no lado esquerdo do painel de instrumentos –, o carro fica ligeiramente mais esperto, mas nada que lhe confira um comportamento de fato esportivo.
Obviamente, o 208 turbinado dá de "dez a zero" nas versões com motor aspirado. No entanto, a "goleada" vem no desempenho dinâmico do 208 turbo, na sua capacidade de encarar curvas mais rápidas grudado ao chão – graças também à ajuda do acerto da recalibração das suspensões e aos eficientes controles de estabilidade e de tração –, nas reacelerações e na agilidade no trânsito das cidades. A aceleração de zero a 100 km/h – feita em nove segundos – e a velocidade final de 205 km/h nem são tão significativas, pois o hatch da Peugeot não tem a proposta de ser um esportivo de fato. Porém, é o conjunto no comportamento dinâmico do carro que faz a diferença e dá o carimbo de acerto da marca francesa para finalmente incorporar o motor turbo ao seu principal produto. O 208 Style turbo tem consumo urbano de 9,6 km/l abastecido com etanol e de 13,6 km/l com gasolina. No rodoviário, é de 11 km/l e de 15,5 km/l, respectivamente.
FICHA TÉCNICA
Motor:três cilindros, 1.0 turbo, 12 válvulas
Potência:130 cavalos (etanol), 125 cavalos (gasolina) a 5.750 rpm
Torque:20,4 kgfm (etanol e gasolina) a 1.750
Câmbio:tipo CVT com 7 marchas simuladas
Direção:eletro-assistida
Tração:dianteira
Carroceria:hatch compacto de 5 lugares
Suspensão:dianteira tipo MacPherson, traseira eixo de torção
Dimensões:4,05 metros de comprimento, 1,96 metro de largura, 1,45 metro de altura, 2,53 metros de entre-eixos
Peso:1.102 quilos
Freios:ABS com EBD, discos ventilados na dianteira, a tambor na traseira
Rodas e pneus:liga leve com raios cruzados, 205/45 R17