29 de maio de 2016 - por Daniel Dias e Gabriel Dias
Veja os 60 anos do último filme do Rebelde sem Causa e a paixão do carro dos seus sonhos, no qual o astro de Hollywood embarcou para uma viagem sem volta.
Assim Caminha a Humanidade, ou Giant, é considerado um dos maiores filmes produzidos por Hollywood. A estreia da obra do diretor George Stevens, em 1956, está completando 60 anos. O triângulo central da saga do Rancho Reata é formado por Elizabeth Taylor (Leslie), Rock Hudson (Bick) e James Dean (Rink), personagem livremente inspirado em Glenn McCarthy, imigrante irlandês que se tornou um dos maiores exploradores de petróleo do Texas, nos EUA.
A nossa atenção aqui está exatamente no último vértice do triângulo de Assim Caminha a Humanidade, James Dean, morto com apenas 24 anos de idade em um acidente de estrada com seu lendário Porsche 550 pintado com o 130, número de sua inscrição para a corrida da qual estava indo participar.
Sinônimo de rebeldia na história de Hollywood ao lado de Marlon Brando, James Dean já tinha se tornado um ícone da Juventude Transviada (um de seus primeiros e poucos filmes) quando morreu. Nem chegou a terminar sua participação no Assim Caminha a Humanidade, tanto que as cenas finais de Rink foram feitas por um outro ator, com a personagem sendo vista apenas de costas ou de perfil no final do filme.
Apaixonado por velocidade e carros, James Dean trocou seu Porsche 356 Speedster pelo 550 Spyder, um modelo feito praticamente de forma artesanal na Alemanha, quando gravava o filme Juventude Transviada, em que interpretava o rebelde sem causa Jim Stark, em 1954. Começa ali a história do Little Bastard, ou Pequeno Bastardo, ou, ainda, em uma tradução mais chula, Pequeno Filho da Puta.
O apelido Little Bastard para James Dean foi dado por Rock Hudson durante as gravações de Assim Caminha a Humanidade. Assumidamente homossexual, Hudson era apaixonado por James Dean. O rebelde sem causa adorava o apelido e pediu para pintá-lo na carroceria do Porsche, além do número 130.
O 550 Spyder era baseado no 356, porém, era mais baixo e mais potente, feito inicialmente com 110 cavalos (muito para a época). Nas mãos de James Dean, entretanto, ficou com mais força, pois era preparado para a competição. Tão logo recebeu o veículo, o ator o levou para George Barris, famoso construtor de carros para o cinema e TV. Foi Barris o criador, mais tarde, do Batmóvel da série televisiva da década de 60 com o impagável ator Adam West na pele do Homem Morcego.
Em 1955, James Dean participaria de uma corrida nos dias 1 e 2 de outubro em Salinas, perto de Los Angeles. O astro tinha intenção de levar o Little Bastard prateado em um reboque, mas foi convencido por seu mecânico e amigo Rolf Wütherich para ir dirigindo o carro "para amaciar o motor". No dia 30 de setembro, logo depois de ter sido parado na estrada por estar guiando em alta velocidade, James Dean bateu a cerca de 135 km/h - conforme testemunhas e a perícia da patrulha - de frente com um Ford Tudor 1950 preto, em uma encruzilhada em "Y". Para piorar o panorama, a rodovia tinha ondulações pronunciadas no local do acidente.
Wütherich acompanhava o ator e ficou gravemente ferido. O motorista do outro carro escapou quase ileso. James Dean morreu na hora, com múltiplas fraturas e a coluna partida na altura da nuca. A morte do jovem astro do cinema causou uma convulsão em Hollywood e no país semelhante à ocorrida no Brasil naquele primeiro de maio de 1994 com Ayrton Senna.
Com James Dean, a frase "Live fast, die young" (viver rápido, morrer jovem), atribuída a atores que morriam precocemente, tinha sido levada às últimas consequência, colaborando para engrandecer o Mito ainda mais.
Os restos e o destino do Porsche 550 de James Dean também se tornaram lenda e um prato cheio para os sensacionalistas da época e de sempre. Muitos afirmavam que passou a existir uma maldição com o veículo, com outros incidentes ocorrendo com seus compradores e até uma história beirando o sobrenatural: um dos grandes amigos de James Dean, o então novato Alec Guinnes, o futuro Obi-Wan de Star Wars, de 1977, teria dito ao amigo, quando viu o Porsche 550 Spyder: "este carro tem uma aparência estranha. Se você andar nisto, será encontrado morto dentro dele na semana seguinte". Essas coisas nunca foram confirmadas, nem os fatos, nem a previsão de Guinnes.
O sucessor do 550 passou a ser, logo em seguida da tragédia de James Dean, o Porsche 718, construído até os dias de hoje. E você pode ter um contato com o "substituto" do Little Bastard, na sua versão 2016, na outra reportagem de agora do Dias ao Volante.Carros, ao lado. Se o James Dean visse tanta potência e tecnologia, se apaixonaria ainda mais.