30 de setembro de 2016 - por Luiz Humberto Monteiro Pereira jogoscariocas@gmail.com
Atletas, técnicos e confederações projetam os caminhos do esporte brasileiro até a próxima edição dos Jogos Olímpicos
Os Jogos Rio 2016 ensinaram muita coisa ao esporte olímpico brasileiro. As vitórias e 91 medalhas conquistadas no Rio de Janeiro – 19 olímpicas e 72 paraolímpicas – renderam muitos conhecimentos. Mas as derrotas e as medalhas que ficaram com os adversários também deixaram várias lições – algumas duríssimas, mas fundamentais.
Com o final das competições no Rio, o atual Governo ainda não se definiu sobre a manutenção dos atuais mecanismos de amparo aos atletas, como o Bolsa-Atleta e o Bolsa-Pódio. Também não há definição sobre a continuidade dos programas das Forças Armadas para atletas de alta performance. Enquanto aguardam essas definições, atletas, técnicos e confederações avaliam os resultados obtidos em 2016 e já começam a traçar os rumos até a próxima edição dos Jogos Olímpicos, que será disputada em 2020, em Tóquio.
“O vôlei foi o esporte mais procurado na venda de ingressos nos Jogos do Rio. No Brasil, temos um trabalho muito bem feito nas categorias de base, à exceção dos clubes, que precisam de mais apoio para melhorar a formação de novos atletas. As seleções brasileiras têm uma estrutura boa e os jogadores se desenvolvem muito bem. O principal é continuar o apoio do Governo Federal. O vôlei é um esporte beneficiado, mas várias outras modalidades precisam demais desse apoio. O vôlei está no caminho certo e acredito que, em 2020, o Brasil terá uma seleção de alto nível para disputar o ouro mais uma vez”. – William Arjona, levantador da seleção brasileira masculina de vôlei campeã olímpica nos Jogos Rio 2016.
“Todas as provas olímpicas de saltos ornamentais foram transmitidas ao vivo e o brasileiro pôde conhecer muito mais a modalidade. Acreditamos que o foco do investimento a partir de agora deverá ser voltado para a base, para que a gente possa ter um alto nível efetivamente mais forte. Precisamos fazer um trabalho a longo prazo para desenvolver o esporte de verdade”. – Ricardo Moreira, supervisor de saltos ornamentais na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
“Acho que as Olimpíadas do Rio foram muito positivas para o ciclismo mountain bike do Brasil. Creio que, em conjunto com as federações, pode ser feito um grande incentivo para o esporte se tornar mais popular em nosso país. Devemos começar o trabalho agora em 2017, onde possamos investir em treinamentos, testes, acompanhamento com profissionais da aérea, para assim almejar grandes resultados em 2020”. – Raiza Goulão, atleta olímpica de equipe brasileira de ciclismo mountain bike.
“Na maratona aquática, a competição nos Jogos Rio 2016 foi de excelente nível. Tanto a competição masculina quanto a feminina foram provas muito disputadas, que levaram emoção ao público na praia de Copacabana. Para obtermos melhores resultados em Tóquio-2020, será necessário melhorar o planejamento dos treinamentos e competições dos atletas, sempre com foco no Jogos”. – Allan do Carmo, atleta olímpico da seleção brasileira de maratona aquática.
“As Olimpíadas do Rio trouxeram muita visibilidade para o tiro com arco, um esporte pouco difundido no Brasil. A modalidade certamente conquistou mais adeptos com a transmissão diária na televisão. Já nos Jogos Paraolímpicos, a falta da transmissão televisiva comprometeu muito a divulgação. O Governo Federal deve continuar investindo nas modalidades esportivas, para que os atletas possam ter acesso a equipamentos, preparação técnica, nutricional, etc”. – Andrey Muniz, atleta da seleção paraolímpica de tiro com arco.
“Aumentou a demanda de novos praticantes e torcedores do hóquei na grama, que prestigiaram a modalidade durante as Olimpíadas. Precisamos desenvolver uma estrutura que pudesse aprimorar a técnica e o físico dos atletas durante esse ciclo, tornando viável a participação em intercâmbios em outros países e apoiando com ajuda de custo para manutenção de material e equipamentos específicos da modalidade. E, também, oferecer o Complexo Olímpico de Deodoro para as federações internacionais realizarem competições no país com o Brasil como convidado, figurando nas chaves de disputa nos torneios”. – Brunno da Silveira, capitão da seleção olímpica brasileira de hóquei na grama.
“O tênis de mesa, tanto nos Jogos Olímpicos quanto nos Paraolímpicos, obteve grandes resultados e uma ótima repercussão. As pessoas puderam ver de perto o quão emocionante é esse esporte. Não à toa, já tivemos um aumento no número de inscritos em diversos centros de treinamentos ao redor do país. Então, acredito que só ganhamos com a Rio 2016 e, mantendo uma boa gestão, temos ainda mais a ganhar. Já estamos trabalhando visando Tóquio. Algumas mudanças serão feitas em relação às comissões técnicas, mas tudo para que haja uma melhora no rendimento neste próximo ciclo e possamos atingir patamares ainda maiores em 2020”. – Alaor Azevedo, presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa.
“Nos Jogos Rio 2016, as modalidades coordenadas pela Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais tiveram um ótimo resultado. Vamos trabalhar nesse próximo ciclo para que possamos melhorar ainda mais o nosso resultado em Tóquio 2020. Para isso, é extremamente importante que continuemos recebendo o apoio do poder publico, através do Ministério dos Esportes, e angariar cada vez mais apoio de iniciativas privadas. Nossas equipes chegaram muito fortes para a competição, todas muito bem preparadas durante todo o ciclo. No judô, conquistamos quatro medalhas de prata. No futebol de 5, conquistamos a medalha de ouro pela quarta vez consecutiva. No goalball, conquistamos a medalha de bronze com a equipe masculina e um quarto lugar com a equipe feminina. Essas medalhas são resultado de um incansável trabalho da confederação, comissões técnicas e atletas”. – Felipe Menescal, coordenador técnico da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais, responsável pelas modalidades futebol de 5, goalball e judô.
“No hipismo, terminamos no ‘top 10’ de todas as modalidades. Tivemos um resultado histórico no CCE, com o sétimo lugar por equipes e com dois atletas na final individual,competimos pela primeira vez com uma equipe no adestramento e terminamos em décimo. No salto, fechamos em quinto e com dois atletas na final individual. Nos Jogos Paraolímpicos, depois de 8 anos, conquistamos novamente duas medalhas de bronze, com o Sérgio Oliva. E pela primeira vez terminamos a competição entre os dez melhores, com o sétimo lugar. Os resultados foram melhores do que Londres 2012. Apresentamos equipes com novos atletas, dando oportunidades para todo mundo que apresenta bons resultados. Uma evolução técnica reconhecida por todos os nossos concorrentes e que me dá a certeza de que estamos no caminho certo para o melhor desenvolvimento do esporte. Para Tóquio-2020, vamos continuar investindo na capacitação técnica dos nossos conjuntos. E esse é o caminho para o desenvolvimento do esporte em todas as categorias”. – Luiz Roberto Giugni, presidente da Confederação Brasileira de Hipismo.