8 de julho de 2020 - por Daniel Dias / Agência AutoMotrix
Veja os resultados de vendas em junho pela Fenabrave e os de produção pela Anfavea, assim com as projeções para o ano, a turma da potência da Audi que desembarca no Brasil, outras novidades do mundo automotivo e os cuidados com o carro parado na pandemia.
Pandemia em números
A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgou os números de vendas do primeiro semestre deste ano nos dois principais segmentos sobre quatro rodas – carros e comerciais leves. Com a pandemia do coronavírus, mais impactante na indústria e no comércio a partir da segunda quinzena de março, as comparações com o mesmo acumulado de 2019 ficaram completamente “distorcidas”. Em relação a maio deste ano, o mercado teve um avanço de 116,76%, com 122.772 unidades emplacadas. Ante junho de 2019, a queda foi de 42,47%. Na comparação semestral, o tombo foi de 38,88%, com 763.380 unidades comercializadas de janeiro a junho de 2020 ante as 1.248.843 do igual período do ano passado. No “top ten” dos modelos, o destaque nos dois segmentos em junho ficou com um de fora dos dez primeiros, a Ford Ranger, que com 1.736 vendas, assumiu a liderança entre as picapes, destronando a Toyota Hilux. O Chevrolet Onix, embora com apenas 6.234 unidades vendidas em junho, bem longe das mais de 20 mil de outrora, se manteve na frente, seguido pelo Hyundai HB20 (5.792) e pelo surpreendente Volkswagen T-Cross (5.463), que com a sombra do “irmão” Nivus, resolveu acelerar para garantir a terceira colocação. O maior revés veio do Ford Ka (3.404), despencando da segunda posição para a nona, além de o Chevrolet Onix Plus nem ter “dado as caras” entre os dez primeiros de junho. O Jeep Renegade, com 4.092 unidades emplacadas no mês, ficou em quarto, acompanhado do Chevrolet Tracker (4.175), do Volkswagen Gol (3.908), da Fiat Strada (3.830), ainda na versão antiga, do Renault Kwid (3.547) e do Jeep Compass (3.234) em décimo. O bom desempenho da Volkswagen no mês levou a fabricante alemã a “roubar” a primeira colocação da General Motors em junho, com 21.877 unidades comercializadas e uma participação de 17,82%, embora a real primeira colocada tenha sido novamente a FCA, com 24.017 unidades da soma de Fiat e Jeep e participação acumulada de 19,56%. A GM teve 19.759 emplacamentos, com 16,09% de “market share”, seguida da Fiat (16.646 e 13,56%), da Hyundai (11.435 e 9,31%) e da Renault (9.808 e 7,99%). Entre os veículos premium, a Volvo ultrapassou a Audi no Brasil em carros vendidos no primeiro semestre, passando para a terceira colocação no ranking, com vinte e oito carros à frente (2.690 ante 3.662 da marca alemã). Com isso, a fabricante sueca está agora atrás apenas da BMW (4.497 unidades emplacadas no semestre) e da Mercedes-Benz (3.114).
Atraso de seis anos
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apresentou o balanço dos seis primeiros meses do ano. Com fortíssimo impacto da pandemia da Covid-19 nos últimos três meses, a produção acumulada de 729,5 mil veículos representou uma queda de 50,5% na comparação com o primeiro semestre de 2019. Em junho, a produção de 98,7 mil unidades foi 129,1% superior à de maio, mas 57,7% inferior à de junho do ano passado. Com esses dados e com base nas expectativas econômicas do país para o segundo semestre, a associação projeta produção de 1.630 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em 2020, volume 45% inferior ao de 2019. “Trata-se de uma estimativa dramática, mas muito realista com base no prolongamento da pandemia no Brasil e na deterioração da atividade econômica e da renda dos consumidores. A situação geral da indústria automotiva nacional é de uma crise maior que as enfrentadas nos anos 80, 90 e essa mais recente de 2015/2016. Ela veio em um momento em que as empresas projetavam um crescimento anual de quase 10%. Um recuo dessa magnitude no ano terá impactos duradouros, infelizmente. Nossa expectativa é que apenas em 2025 o setor retorne aos níveis de 2019, ou seja, com atraso de seis anos”, afirmou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Artilharia pesada
A Audi do Brasil trouxe quatro dos cinco modelos (a exceção é o RS Q3 na carroceria SUV), além do superesportivo R8, diretamente da Alemanha para uma ação com clientes, com o objetivo de garantir que eles tenham o máximo de informações para sua decisão de compra. Os potenciais interessados que adquirirem os modelos poderão configurar diversos itens do veículo antes mesmo da produção – assim como a empresa já fez recentemente com o novo R8. “O nível de exigência dos nossos clientes é muito alto e demanda não apenas os melhores produtos mas também uma nova experiência na jornada com a marca. Por essa razão, queremos oferecer um novo patamar de exclusividade ao permitir que o potencial interessado configure seu próprio modelo”, confirma Johannes Roscheck, CEO e presidente da Audi do Brasil, A RS 6 Avant é a mais rápida “perua” do mundo e chega em sua quarta geração com novo design. O RS 7 Sportback é um dos esportivos mais bonitos e elegantes. Os dois modelos contam com o motor 4.0 TFSI turbo com 600 cavalos de potência e 81 kgfm de torque mantido em alto nível de 2.100 a 4.500 rotações por minuto, associado à transmissão automática Tiptronic com conversor de torque e tração “Quattro”. Conforme a marca alemã, os dois aceleram de zero a 100 km/h em apenas 3,6 segundos. A RS 6 Avant será comercializada por R$ 793.990, enquanto o RS 7 Sportback terá preço de R$ 839.990, ambos em vendas diretas. A gama de SUVs da Audi terá novas opções esportivas com o RS Q3, o RS Q3 Sportback e o RS Q8 no Brasil. Os dois primeiros têm motor 2.5 TFSI turbo com 400 cavalos e 49 kgfm de torque e o RS Q8 tem um4.0 V8 biturbo de 600 cavalos e 81,6 kgfm de torque, além de uma ajuda elétrica. Disponíveis em pré-venda, os três esportivos podem ser “levados” por R$ 435.990 (RS Q3 SUV), R$ 465.990 (RS Q3 Sportback) e R$ 902.990 (RS Q8). Nenhum modelo com o logo das quatro argolas está mais próximo de um carro de pista que o R8. O superesportivo tem motor central-traseiro V10 com 610 cavalos e 57 kgfm de torque, com aceleração até 100 km/h em 3,2 segundos e máxima de 330 km/h. A transmissão é a de dupla embreagem Stronic de 7 velocidades, com um renovado sistema de tração “Quattro”. Para tê-lo, é necessário “raspar o cofrinho” e despejar R$ 1.234.990 sobre o balcão da concessionária.
Na casa do milhão
A Chevrolet S10 está completando vinte e cinco anos de estrada. A primeira picape média nacional também está comemorando outro importante feito: a produção de 1 milhão de unidades no país. Dessas, 750 mil foram comercializadas no mercado local. As 250 mil unidades restantes foram destinadas à exportação. Todas elas saíram do complexo industrial da General Motors em São José dos Campos (SP). “A longa tradição da Chevrolet em picapes é um diferencial competitivo para a S10, que tem consumidores satisfeitos e cada vez mais fiéis. Reflexo do que a picape entrega, sempre com muita qualidade e confiabilidade. Além disso, o cliente pode contar com uma ampla rede de concessionárias para suporte”, destaca Hermann Mahnke, diretor de Marketing da GM América do Sul.Atualmente, a S10 é oferecida em três opções de carroceria (cabines dupla e simples e chassi cab), cinco níveis de acabamento (LS, Advantage, LT, LTZ e High Country), duas opções de motorização (2.5 flex e 2.8 turbodiesel), assim como duas de transmissão (manual e automática, ambas com 6 marchas) e tração 4x2 ou integral. Ao todo, são doze configurações.Derivada de um modelo norte-americano, a S10 brasileira chegou em 1995 com design mais aerodinâmico em comparação à estrangeira e diversos itens de luxo para atender às preferências do consumidor nacional. A primeira picape média produzida no país estreou com um conjunto surpreendente para a época: cabine simples, motor 2.2 EFI de 106 cavalos, transmissão manual de 5 marchas e opção de freios ABS nas rodas traseiras.A mais marcante evolução da S10 veio em fevereiro de 2012, completamente nova do ponto de vista de aparência, estrutura e dirigibilidade, alinhada com a “irmã” Colorado norte-americana. O agronegócio passa por uma revolução em termos de produtividade, potencializada pelo uso de novas tecnologias no campo, como a robótica e a Inteligência Artificial. É de olho na chamada agricultura 4.0 que a Chevrolet vem balizando as evoluções da S10, reforçando recentemente a lista de itens de conectividade e segurança.
Imunes às crises
A McLaren São Paulo encerrou o primeiro semestre deste ano com treze automóveis zero-quilômetro entregues a clientes. Mesmo com os contratempos gerados pela pandemia do coronavírus e pelo cenário econômico conturbado, as vendas da importadora foram semelhantes às do mesmo período de 2019, permitindo manter a projeção de comercializar de vinte a vinte e cinco unidades até dezembro. “Conseguimos um número idêntico ao do primeiro semestre de 2019, quando não havia pandemia e o cenário econômico era mais estável. Este momento difícil de agora passará, mas precisamos atravessá-lo com resultados comerciais favoráveis para assegurar a sobrevivência da empresa e a continuidade do trabalho de nossos empregados e prestadores de serviço”, analisa Henry Visconde, presidente da McLaren São Paulo. Durante o período em que a loja na capital paulista esteve fechada ao público, o trabalho da equipe de vendas foi feito principalmente por canais digitais. “A atratividade dos carros e o bom relacionamento com nossos clientes, tanto os já fidelizados quanto os prospectados, foram fundamentais para concretizar as vendas. Vivemos de qualidade, não de quantidade. Cada carro nosso é uma joia”, enfatiza Visconde. Cada cliente recebeu seu automóvel na própria residência, e as entregas foram feitas de acordo com um protocolo de higienização do automóvel, agora adotado em definitivo. As vendas da McLaren São Paulo no período de janeiro a junho de 2020 se dividiram entre os modelos 720S (três veículos, sendo dois cupê e um spider), 540C (três), 600LT Spider (três), 570S Coupé (dois), GT (um) e Senna GTR (um).
Ajustes na segurança
No início do ano, chegou a ser noticiado que ele estaria saindo de cena. Mas o VolkswagenFox ignorou os boatos e apresenta agora sua linha 2021. As novidades não são muitas: cinto de segurança de três pontos em todos os cinco assentos, acompanhados de apoios de cabeça individuais, e sistema de fixação Isofix e Top Tether para cadeirinhas de crianças no banco traseiro.Já disponível na rede de concessionárias, o Fox 2021 é oferecido em duas versões, a Connect e a Xtreme, ambas com motorização 1.6 MSI de 104 cavalos e câmbio manual de 5 marchas. O Fox Connect tem entre seus principais itens de série retrovisores com ajuste elétrico e função “tilt down” no lado direito (para ajudar nas manobras de estacionamento), sensores traseiros, controle automático de velocidade, rodas de liga leve de 15 polegadas e vidros dianteiros e traseiros com acionamento elétrico. Conta ainda com sistema de infoentretenimento Composition Touch de 6,5 polegadas, APP-Connect (Android Auto e Apple CarPlay) e volante multifuncional com comandos do som. A versão Xtreme adiciona barras longitudinais pretas no teto, câmera de ré, rodas de liga leve diamantadas de 16 polegadas, grade dianteira tipo colmeia, molduras nas laterais e nas caixas de rodas, faróis com máscara escurecida e auxiliares com três funções: neblina, longo alcance e cornering light (acompanha a curva). Os modelos estão disponíveis nas cores Branco Puro, Preto Ninja, Vermelho Tornado, Prata Sargas e Cinza Platinum. O Fox Connect parte de R$ 54.060, podendo ser acrescido do Pacote Dark II a R$ 210, e chega a R$ 59.630 na versão Xtreme.
Tempo de despertar
Desde o início da segunda quinzena de março, os brasileiros tiveram de desacelerar, passando a ficar reclusos em suas casas como forma de auxílio para a não propagação do coronavírus. A atitude ainda segue sendo de extrema importância para conter a disseminação da Covid-19, mas, aos poucos, algumas cidades começam seus processos de retomada gradual das atividades e, com isso, muitas pessoas iniciam seu retorno ao trabalho, voltando a utilizar o carro após um longo período parado. Algumas dicas são importantes nesse momento:
Limpeza -gasolina parada no tanque por muito tempo pode oxidar, um processo de envelhecimento normal causado pelo contato com o ar. Para evitar que esse combustível danifique o motor e outras peças do carro, o motorista deve limpar o tanque e abastecer de preferência com combustível aditivado. Carros bicombustíveis -caso o carro seja do modelo flex, ao voltar a utilizá-lo, a recomendação é abastecer o veículo com o mesmo tipo de combustível que já estava no tanque antes da parada, pois o sistema de injeção eletrônica leva um tempo para se adequar a um outro tipo de combustível.
Calibrar os pneus -verificar se durante o período em que o carro ficou parado, os pneus não murcharam. Sem a utilização frequente, é normal que isso possa ter acontecido. É importante calibrá-los antes de se percorrer longas distâncias. Além disso, o ideal é o motorista pedir para fazerem um balanceamento e uma geometria completos.
Nível de óleo -antes de voltar a circular com o carro, verificar se o nível do óleo do motor está dentro do recomendado pela fabricante.
Partida -longos períodos parados podem comprometer o funcionamento do motor, como no caso de o combustível ter envelhecido no tanque. O produto fica com uma consistência mais densa que pode ser percebida principalmente no momento da partida do motor, necessitando de um número maior de tentativas na hora de ligar o carro.
Se o motorista pretende seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde e continuar confinado em casa, é aconselhável deixar o carro com tanque de combustível cheio.