23 de junho 2017 - por Luiz Humberto Monteiro Pereira humberto@esportedefato.com.br
A dupla de vôlei de praia formada por Ágatha Bednarczuk, de 33 anos, e Duda Lisboa, de 18 anos, quer chegar junta às Olimpíadas de Tóquio
Após o ouro no Campeonato Mundial de Vôlei de Praia na Holanda, em 2015, e a primeira colocação no Circuito Mundial daquele ano, Ágatha Bednarczuk e Bárbara Seixas chegaram como favoritas às Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Mas perderam a final para as alemãs Laura Ludwig e Kira Walkenhorst e, após receberem suas medalhas de prata, a parceria de cinco anos foi desfeita. Aos 33 anos e com a necessidade de formar uma nova dupla, a paranaense Ágatha optou por uma das jogadoras mais promissoras da nova geração. Em 2013, com apenas 15 anos, a sergipana Eduarda “Duda” Lisboa sagrou-se campeã mundial sub-19, ao lado de Tainá. Em 2014, conquistou o bicampeonato mundial sub-19 jogando com Andressa e, no mesmo ano, venceu as Olimpíadas da Juventude, na China, com Ana Patrícia, com quem também conquistou o Mundial Sub-21, em 2016. Agora, aos 18 anos, iniciou em janeiro seu primeiro ciclo olímpico. “Gosto da postura da Ágatha, de sua felicidade de jogar e do fato dela ser muito parceira dentro da quadra”, levanta Duda. “É uma menina que sabe quais são seus objetivos, as marcas que quer bater. Isso mostra foco”, devolve Ágatha.
Esporte de Fato - Como vêem a possibilidade de disputarem juntas os Jogos de Tóquio, em 2020?
Ágatha – É o objetivo principal do nosso time. A estrada ainda é longa, apesar de que já está logo ali. Faltam pouco mais de três anos para as Olimpíadas de Tóquio.
Duda – Temos apenas quatro meses de parceria. Nosso foco total é chegar às Olimpíadas em 2020, mas tem muito ainda pra acontecer. Temos muita coisa ainda para crescer como time, muitos torneios para jogar...
Esporte de Fato - Em uma dupla de vôlei, onde duas pessoas treinam e viajam juntas o ano inteiro, a convivência acaba sendo muito intensa. Como é a convivência de vocês?
Ágatha – Eu brinco que é como um casamento sem sexo. É um relacionamento, não tem jeito. O time tem de se dar bem fora de quadra. Sempre gostei de criar laços fortes com as pessoas com quem jogo e com a Duda não está sendo diferente. A gente está buscando se conhecer muito. Criar esses laços gera uma confiança, uma química, e isso se reflete dentro de quadra. Passo mais tempo com a Duda do que com a minha família, que mora no Paraná.
Duda – É uma relação muito próxima. Você joga e convive todos os dias. Acaba surgindo uma relação muito boa e desenvolvendo uma amizade. É importante que essa convivência seja a melhor possível.
Esporte de Fato - Como se iniciaram no vôlei de praia?
Ágatha – Eu já jogava vôlei de quadra há dez anos, estava de férias lá em Paranaguá e uma amiga me chamou para bater uma bolinha na areia. Na época, eu nem gostava muito desse negócio de areia, de ficar “à milanesa”... Mas achei legal o convite e fui jogar. A gente participou de uns torneios de verão e ganhou. Aquilo me animou para caramba.
Duda – Minha mãe, Cida Lisboa, foi jogadora de vôlei e criou uma escolinha, o Centro Técnico Cida Vôlei, em São Cristóvão, que fica na Região Metropolitana de Aracajú, em Sergipe. Por isso, entrei na escolinha de vôlei de praia já com 5 anos. Sempre viajava pra ver ela jogar desde novinha e agora estou sou eu que estou nesse mundo do vôlei de praia...
Esporte de Fato - Como é a rotina diária de treinos?
Duda – Treinamos no Marina Barra Clube, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Todas as manhã temos treinamento com o bola. À tarde, três vezes por semana musculação e três vezes treino físico. Folga, só no domingo.
Ágatha – Além dos treinos com bola e dos físicos, tem a parte de fisioterapia, psicólogo, endocrinologista... E, na época das competições, ainda analisamos os vídeos dos adversários em casa!
Esporte de Fato - Sobra tempo para outras atividades?
Ágatha – Cursei um ano e meio de Jornalismo, mas não consegui concluir por falta de tempo. Trabalho à distância com um projeto social em Paranaguá, no Paraná, há 9 anos. Criei um centro de treinamento de esportes de areia, onde ensinamos gratuitamente vôlei de praia e futebol de areia, para crianças dos 7 aos 17 anos, com apoio da Prefeitura e de empresas locais. Já passaram pelo projeto mais de 8 mil alunos. Meu marido Renan me dá muita força nesse projeto também. Ainda não consegui voltar para o meu inglês...
Duda – O vôlei toma praticamente todo o meu tempo, mas faço também um curso de inglês.
Esporte de Fato - Nos circuitos brasileiro e mundial, quais são as próximas competições que irão disputar?
Duda – No Circuito Brasileiro, a gente tem o Superpraia no Rio de Janeiro, no final de abril, que finaliza a temporada 2016/2017.
Ágatha – Já no Circuito Mundial, teremos a etapa do Rio de Janeiro, na terceira semana de maio, provavelmente no Parque Olímpico da Barra.