04 de agosto 2017 - por Luiz Humberto Monteiro Pereira humberto@esportedefato.com.br
Emplacar no Brasil o SNAG, uma derivação lúdica do golfe, é o desafio do empresário português José Fortes da Gama
Popularizar o golfe sempre foi um sonho de muitos golfistas. Com esse objetivo, o golfista norte-americano Terry Anton e sua esposa pedagoga criaram há 15 anos o SNAG – sigla para “Start New At Golf” ou “comece novo no golfe”. A modalidade esportiva surgiu com o objetivo inicial de levar o golfe pra dentro das escolas com uma metodologia didática, divertida e interativa – algo que pudesse ser ensinado nas aulas de Educação Física. Além de tacos coloridos, tapetes de borracha (os “launch pads”) e uma bola coberta por feltro, ainda há a roupa do “SNAG Man”, que é uma espécie de “alvo móvel”, toda acolchoada e autocolante. O objetivo inicial foi alcançado e hoje mais de três milhões e meio de crianças aprendem a jogar SNAG nas escolas americanas. Presente em mais de 40 países, o novo esporte conta com milhões de praticantes de todas as idades. “No Brasil, o SNAG golfe é um projeto ‘condenado’ ao sucesso”, avalia o engenheiro e empresário português José Fortes da Gama, 57 anos, diretor no IBGT – Instituto Brasileiro de Golfe e Turismo – e representante oficial do SNAG no Brasil e na América Latina. “Hoje o Brasil vê o golfe como um esporte para poucos. Mas essa realidade será modificada com a chegada do SNAG golfe”, acredita o lisboeta.
Esporte de Fato - Como se joga SNAG?
José Fortes da Gama – É uma versão mais simples do golfe, uma espécie de “golfe portátil”. O SNAG está para o golfe assim como o futebol de salão está para o futebol de campo. Tal como o golfe, é uma atividade que, uma vez experimentada, torna-se envolvente e apaixonante. Colocam-se os alvos e os “launch pads” em locais escolhidos, eventualmente com obstáculos que dificultem o caminho da bola. Define-se o percurso por onde a bola terá atingido cada um dos alvos, como no golfe. Depois cada jogador conta o número de pancadas que precisa para atingir o alvo. Ganha quem tiver menos pancadas na totalidade dos alvos. Mas o jogo é criativo e permite fazer várias combinações com vários alvos e obstáculos diferenciados e criar diferentes desafios e pontuações... O fundador Terry Anton construiu na casa dele, nos Estados Unidos, um campo muito divertido, com bonecos gigantes que até reclamam se forem atingidos por uma bola! Estamos desenvolvendo um aplicativo SNAG que permitirá participar de competições em tempo real entre jogadores fisicamente distantes. Já fizemos competições teste entre jogadores em continentes diferentes e foi um sucesso! As possibilidades de jogo e competições com o SNAG golfe são infinitas!
Esporte de Fato - Qual é o material necessário para jogar?
José Fortes da Gama – Necessita-se de dois tacos – o roller e o launcher –, uma bola, semelhante à de tênis, um "launch pad" (tapete de borracha para colocar a bola para bater) e um alvo de velcro com bandeira, onde a bola gruda (o flagstick), que substitui o buraco de golfe. O conjunto profissional com sacola de transporte custa cerca de 100 dólares nos Estados Unidos, mas chega por quase R$ 800 no Brasil. Estamos trabalhando para oferecer opções mais baratas, inclusive através de aluguel.
Esporte de Fato - De onde surgiu a ideia de trazer o SNAG para o Brasil?
José Fortes da Gama – Sou diretor do IBGT – Instituto Brasileiro de Golfe e Turismo – e, após estudos preliminares que mostravam o potencial e as características climáticas, geográficas e ambientais do Brasil para a prática do golfe, decidimos investir no seu desenvolvimento. No entanto, o pequeno número de campos e de profissionais de golfe existentes limitam seu potencial de crescimento. Construir novos campos e formar novos profissionais demora tempo. A opção foi apostar no SNAG, que foi criado e desenvolvido nos Estados Unidos precisamente para facilitar a aprendizagem e aumentar o número de novos jogadores de golfe. Permite jogar em qualquer espaço. O SNAG pode não só ser ensinado nas escolas como praticado em espaços públicos como parques, praias, campos de futebol, na neve, no quintal de casa, nas quadras poli-esportivas, etc. Fui ao encontro do Terry Anton, fundador e presidente mundial do SNAG. Negociamos um projeto global para o Brasil e América do Sul e investimos numa parceria de representação e distribuição.
Esporte de Fato - A Confederação Brasileira de Golfe já reconhece o SNAG golfe?
José Fortes da Gama – Contatamos a Confederação Brasileira de Golfe apresentando e convidando a aderir ao projeto. Optaram por não participar, tendo preferido um projeto autônomo. Assim, infelizmente a CBG ficou fora da comunidade internacional e do projeto SNAG. Espero que ainda possamos unir os esforços com a CBG no objetivo de desenvolver o golfe brasileiro.
Esporte de Fato - Qual é a estratégia para a popularização do SNAG golfe no país?
José Fortes da Gama – Estamos privilegiando o SNAG como instrumento de desenvolvimento de cidadania, ética e moral, cultura, sustentabilidade, geração de emprego e renda, numa abordagem transcendente à prática da simples atividade física. Em São Paulo, propusemos a instalação de clínicas gratuitas de SNAG nos parques públicos. Vamos voltar a organizar iniciativas focadas nas pessoas com deficiência. Desenvolvemos um projeto de inclusão social, com geração de emprego e renda na comunidade do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e daremos continuidade a atividades como essa. Participamos de um projeto cultural com uma ONG carioca para atividades no Sistema S (Sesc, Sesi e Senac). Nas novas iniciativas, inclui-se um programa internacional de solidariedade desenvolvido pela comunidade SNAG, o ‘Matches for Meals’, que consiste na organização de competições cuja renda é destinada ao pagamento de refeições para comunidades carentes. Outra iniciativa em estudo é a disponibilização de material em grande quantidade para os futuros jogadores nos parques e a organização de eventos com celebridades, para atrair novos praticantes.